sexta-feira, 30 de setembro de 2016

Crítica à teoria da “ameaça da Coreia do Norte”


Os cientistas políticos estadunidenses defendem obstinadamente a “teoria da ameaça da América do Norte”. Querem dizer que seu país é a “superpotência” que se vê ameaçado pelo pequeno país asiático. Que absurdo!

Contudo, não se trata de uma pretensão errada.

A teoria da “ameaça da Coreia do Norte” não é correta
Se falamos dos Estados Unidos, o país que possui mais armas nucleares na Terra, que alardeia sua supremacia no mundo. Todos os anos para gastos militares registram mais dinheiro do que a soma desses gastos de todos os demais países do mundo. Quem acreditará que esta superpotência se vê ameaçada pela RPDC, país incomparavelmente menor tanto em extensão territorial como em população?

A ameaça não é a Coreia do Norte, mas sim os Estados Unidos.

O império intimidou extremamente o Norte da Coreia durante várias décadas com bombas atômicas.

Na passada guerra coreana (1950-1953), os Estados Unidos, para tentar fugir da derrota, revelou sua intenção de usar a bomba atômica. No Pentágono elaboraram um plano de despejar de 30 a 50 bombas atômicas na zona fronteiriça entre a RPDC e a China e então o presidente Truman e outras autoridades estadunidenses vociferaram que não renunciariam ao uso da bomba atômica na Coreia. Em dezembro de 1950, MacArthur, o então comandante das tropas norte-americanas no Extremo Oriente, falou: “formaremos no norte da Coreia, uma área de radioatividade do leste ao oeste. Ali durante 60 ou 120 anos não ressuscitará nenhum organismo”.

Também no pós-guerra seguiu a ameaça dos EUA com bombas atômicas contra a Coreia, que atribuindo sua derrota na guerra coreana ao não uso da mencionada arma, introduziu no Sul da Coreia e suas cercanias uma grande quantidade de armas nucleares, cujo número chegou nos anos de 1970 a mais de 1 mil. A Coreia do Sul se converteu no maior barril de pólvora do Extremo Oriente.

A intimidação com bombas atômicas dos estadunidenses se tornou mais grave através dos exercícios militares conjuntos entre EUA e Coreia do Sul realizados na Península e arredores. A simulação de guerra nuclear conjunta Estados Unidos-Coreia do Sul iniciada com o título “Focus Retina” em 1969 continuou por todos os anos modificando seu título para “Freedom Bolt”, “Team Spirit”, “Key Resolve”, “Foal Eagle”, “Ulji Freedom Guardian”, etc. Nestes foram mobilizadas grandes quantidades de meios de golpe nuclear antecipado incluso porta-aviões nucleares de grande envergadura.

A ameaça com bombas atômicas dos Estados Unidos chegou ao clímax no novo século. Em 2002, a administração Bush, em seu “informe sobre a postura nuclear”, definiu a Coreia do Norte como alvo do ataque nuclear antecipado e inclusive elaborou um documento bélico no qual estipulou usar em “tempo de emergência” a bomba atômica contra a Coreia do Norte. A administração Obama que preconiza um “mundo sem armas nucleares” excluiu a RPDC da lista dos alvos a que não se deve aplicar a bomba atômica.

Os fatos históricos demonstram que na Península Coreana, o ponto mais candente do mundo, o promotor da ameaça é os Estados Unidos e a vítima desta é a Coreia Popular.

Em que pese isto, por que o império insistiu na “ameaça da Coreia do Norte”?

Para desprestigiar de todos os modos a RPDC, isolá-la na sociedade internacional e justificar sua política de hostilidade a mesma, sua política de agressão.

Estados Unidos sim, se vê ameaçado pela RPDC
Os EUA, para estrangular a Coreia do Norte, havia inventado a “teoria da ameaça da Coreia do Norte”, fez da mentira a verdade. Se encontra nas mesmas condições do personagem das fábulas de Esopo em que gritando “lobo” enganava as pessoas, acabou por ser presa do animal selvagem.

Da mesma maneira que as anteriores administrações estadunidenses, também a de Obama, com o fim de justificar a provocação de uma nova guerra, trazendo à tona o “problema nuclear”, o “problema dos direitos humanos” e outros pelo estilo da Coreia do Norte, fez desesperados esforços para executar a todo custo o plano de agressão à RPDC.

Este pequeno país asiático, consciente da inevitabilidade da nova guerra contra o império, fez impecáveis preparativos. Frente as extremas maquinações de provocação da guerra nuclear dos Estados Unidos, decidiu dispor de grande capacidade de dissuasão nuclear e em vista da agravante intimidação com bomba atômica imperialista, adotou uma linha estratégica simultânea da construção econômica e a preparação das forças armadas nucleares. Sua Direção já está decidida a enfrentar os EUA.

Como será este choque?

O exército norte-coreano tem forte ideologia e confiança, nada comparável a outros do mundo. Seu Comandante Supremo e todos seus generais, oficiais e soldados estão unidos em torno da ideologia e da vontade. O temperamento do exército norte-coreano é cumprir até as últimas consequências qualquer ordem do seu Comandante Supremo. Os vis soldados estadunidenses não são comparáveis a eles.

Os Estados Unidos falam de sua superioridade técnica e militar, mas a RPDC é plenamente preparada tanto para o ataque quanto para a defesa. O exército estratégico capaz de atacar qualquer lugar do planeta e os submarinos que podem lançar sob quaisquer águas os foguetes balísticos apontam para as bases e objetos militares estadunidenses.

Estes, se estalar a guerra, em seguida serão colocados em funcionamento. Antes de que as ogivas dos três artefatos nucleares norte-americanos rendam efeitos, Washington, Nova York e outras cidades, para não falar da Casa Branca e do Pentágono, acabarão em um mar de fogo. O império, que alardeia seu máximo poderio econômico do mundo, em um instante, se converterá em deserto.

Isso será considerado por Obama se este pensar racionalmente.

Por isto se preocupam sucessivamente os especialistas estadunidenses no problema norte-coreano. Um investigador estadunidense disse que a análise concreta do desenvolvimento das armas nucleares da Coreia do Norte faz constatar que insinua o plano de guerra: primeiro golpear com armas nucleares os objetos militares próximos como Guam, Okinawa e os portos sul-coreanos nos quais as tropas estadunidenses desembarquem, frear com isto as atividades bélicas norte-americanas e em seguida, atacar com mísseis nucleares intercontinentais as cidades estadunidenses, para obrigar a rendição. Fhythus Patrik, investigador do Instituto de Estratégia Internacional, expressou que se a Coreia do Norte ampliar mais a capacidade de ataque com armas nucleares contra o território dos Estados Unidos, seria provável que aqui se aumentaria a dúvida da necessidade de assegurar continuamente a defesa da Coreia do Sul e os norte-americanos interrogarão sua administração se é possível trocar suas cidades por Seul.

Pois bem, os EUA têm alguma solução singular para se resguardar da bomba atômica da Coreia do Norte que o levaria a bancarrota?

Nem os antimísseis, por mais que sejam, nem “THAAD” que se implante no Sul da Coreia, não valerão o esforço.

Para o imperialismo só há um remédio, não tocar o Norte da Coreia, ou seja, renunciar a sua política de hostilidade à RPDC, retirar suas tropas do Sul da Coreia e não intervir no assunto interno da nação coreana.

A ameaça da Coreia do Norte aos Estados Unidos não é para agredir este país, mas para impedir sua agressão e intervenção em si mesma.

segunda-feira, 26 de setembro de 2016

Medida auto defensiva


É de domínio público que a República Popular Democrática da Coreia (RPDC) realizou o teste de explosão da ogiva nuclear.

Trata-se da contramedida à política hostil dos Estados Unidos. Dito em outras palavras, é uma medida auto defensiva contra a chantagem nuclear do país da América do Norte.
Retrospectivamente, o império intimida constantemente com armas nucleares a RDPC.

Já na passada guerra coreana (1950-1953) a ameaçou com armas nucleares e depois do cessar fogo introduziu no Sul da Coreia mais de mil armas atômicas e todos os anos efetuou simulações de guerra nuclear contra a RPDC. E inclusive atualmente declara abertamente o “ataque antecipado com armas nucleares”.

Qual é a mais fidedigna e única via para defender-se do ataque nuclear?

É a posse da bomba nuclear, fato bem conhecido por todos.

É por isto que a RPDC da Coreia, em fevereiro de 2005 declarou a posse das armas nucleares. Mas os Estados Unidos, não querendo reconhece-la, recorreu continuamente à chantagem nuclear contra a RPDC.

Este país, em outubro de 2006, maio de 2009 e fevereiro de 2013, realizou teste nuclear subterrâneo, demonstrando sua posse de armas nucleares.

Contudo, estadunidenses, na Coreia do Sul, continuou as simulações de guerra nuclear de grande envergadura e introduziu todos os meios de golpe nuclear incluso porta-aviões e aviões estratégicos, levando a Península Coreana à beira da guerra.

O que deve ser considerado é que a RPDC fez tudo o que pode para preservar a paz. No ano passado a Coreia Popular fez aos Estados Unidos a proposta viável de modificar o acordo de armistício pela paz para atenuar a tensão na Península Coreana e preparar um ambiente pacífico.

Pese isto, o império, agrupando seus seguidores, inventou todo tipo de sanções econômicas e levantou um alvoroço de “direitos humanos” contra a RPDC, de um lado e de outro, realizou em grande escala as simulações de guerra nuclear sob o título de “Key Resolve”, Ulji Freedom Guardian”, etc. Para estrangulá-la se usou de todos os meios e métodos.

É que a RPDC, para se defender dos EUA, em janeiro deste ano realizou o teste da bomba de hidrogênio e o ensaio de explosão de ogiva nuclear, coisa irreprovável por ninguém porque é o exercício do direito legitimo de um Estado soberano e justa medida auto defensiva.

sexta-feira, 23 de setembro de 2016

Cegueira política


Com o recente teste da explosão da ogiva nuclear realizada pela RPDC se tornou mais evidente a cegueira política dos Estados Unidos.

Até esta data o império norte-americano não reconheceu a posse de armas nucleares deste país asiático, mantendo uma política que nega sua posição estratégica como possuidor de artefatos nucleares.

Em um artigo intitulado “Frente à realidade nuclear da Coreia do Norte” publicado em um número recente da revista semanal de uma companhia de informação estadunidense, um especialista titular em assuntos estratégicos da Ásia/Pacífico manifestou que adotar uma resolução que não reconhece o fato da capacidade nuclear da Coreia não poderia ser uma estratégia praticável e que esta era a razão pela qual a Administração norte-americana tenha sofrido fracassos na solução do problema nuclear coreano ao longo de 20 anos. Um investigador do Instituto Cato dos Estados Unidos expressou em seu trabalho publicado no The Washington Post que aos EUA custaria muito opor-se a que a Coreia possua armas nucleares e que era preciso que o próximo presidente opte por outra política que tire as mãos do complicado problema da Península Coreana e acrescentou dados e fatos que o confirmam.

A RPDC declarou em fevereiro de 2005 sua posse de armas nucleares em resposta à ameaça nuclear estadunidense e desde então destinou grandes esforços ao fortalecimento do seu armamento nuclear até chegar a ser uma das seis potências com bombas de hidrogênio. O exitoso teste da explosão de ogivas nucleares lhe permite produzir diferentes tipos de ogivas atômicas ligeiras e de pequeno tamanho na quantidade que necessita.

Isto é produto da anacrônica política de hostilidade e ameaça nuclear contra a Coreia a qual os Estados Unidos recorrem persistindo em sua negação das armas nucleares coreanas. Se os EUA seguem fechando os olhos ante a realidade e não opta decididamente por abandonar sua velha política de inimizade contra a RPDC, esta reforçará mais seu arsenal nuclear em quantidade e qualidade.

Até onde os Estados Unidos irão com os olhos fechados?

terça-feira, 20 de setembro de 2016

Kim Yong Nam expõe posição da RPDC na cúpula do MNOAL


O presidente do Presidium da Assembleia Popular Suprema, Kim Yong Nam, que preside a delegação da República Popular Democrática da Coreia, interviu no dia 17 na 17ª cúpula dos países não alinhados inaugurada na Venezuela.

Durante 55 anos, o ideal do MNOAL deu bom impulso à luta dos países em vias de desenvolvimento para construir um mundo pacífico, próspero, independente e justo e deu aporte significativa ao processo de transformação do mundo, recordou.

Prosseguiu que hoje em dia, o MNOAL se depara com graves desafios devido à agressão, à guerra e à intervenção em assuntos internos de outros países que cometem os imperialistas e os dominacionistas.

O MNOAL, que integra a maioria dos países membros da ONU e conta com imensos recursos humanos e materiais, não ocupa a posição merecida, nem tem a voz influente no cenário internacional, nem se enfrenta com as forças unidas às arbitrariedades e despotismo de um punhado de potências, disse e acrescentou que esta realidade ensina uma séria lição.

Revelou que persiste hoje em dia na Península Coreana a nuvem da guerra nuclear devido aos imprudentes exercícios de guerra dos EUA e destacou que a RPDC tomou a decisão estratégica de enfrentar com o meio nuclear de justiça ao injusto cerco nuclear.

Denunciou que as bobagens dos EUA que descrevem como "ameaça" e "provocação" do fortalecimento do poder de autodefesa nacional da RPDC e seu desenvolvimento do cosmos com fins pacíficos não passar de um pretexto para justificar sua agressiva política hostil anti-RPDC e estratégia de dominar a Ásia. E a insistência em aplicar a sanção por esta razão é uma violação flagrante da Carta da ONU e o direito internacional, um ato de intervenção em assuntos internos e a lógico de bandido carente de fundamento jurídico, sublinhou.

Continuou que a RPDC não é aquela da década de 1950 quando enfrentava com fuzis as armas nucleares dos EUA e já passou uma vez por todas o tempo que este a ameaçava com esses meios de extermínio massivo.

Aconselhou aos Estados Unidos que se controlem ao ver corretamente a posição estratégica da RPDC que entrou na primeira fileira de potências nucleares e militares e sua inesgotável força, renuncie a sua anacrônica política hostil anti-RPDC e tome a opção de firmar o convênio de paz com esta.

Se referiu que hoje em dia o povo coreano se concentra na construção da potência socialista sob a orientação do Marechal Kim Jong Un.

Expôs a convicção e a vontade do exército e povo coreanos de elevar-se a potência socialista ao frustrar a sanção, o bloqueio e a pressão das forças hostis e explicou o critério e a posição do governo da RPDC quanto ao fortalecimento da posição e papel do MNOAL.

Asseverou que os países não alinhados devem lutar para cumprir a causa de verificação da independência no mundo, desejo e aspiração comuns da humanidade, sob a bandeira de independência anti-imperialista, e desempenhar seu papel ocupando a posição de poderosa força antibélica e pacifista.

Lhes exortou a esforçar-se para realizar a verdadeira justiça internacional, manter o princípio de apreciar a unidade e cooperação deixando de lado os dinsensos e intensificar a capacidade organizativa e prática do movimento na ONU e outros cenários internacionais.

Afirmou que mantendo os legados e ensinamentos do Presidente Kim Il Sung e o Dirigente Kim Jong Il, o governo da RPDC será fiel também ao ideal do MNOAL para construir um mundo pacífico e próspero e cumprirá com sua responsabilidade e papel como país membro pela independência mundial e o desenvolvimento da MNOAL.

Da KCNA

segunda-feira, 12 de setembro de 2016

Coreia do Norte e a hipocrisia nuclear


A República Popular Democrática da Coreia (RPDC, ou Coreia do Norte) mais uma vez realizou um teste nuclear em seu país. E, mais uma vez, ecoa no globo a voz de líderes de todo mundo que reagem ao teste.

Escrevi há algum meses que o território norte-coreano deveria constituir uma espécie de Triângulo das Bermudas; ao invés de desaparecer com aviões e embarcações, no entanto, revela a hipocrisia dos líderes de todo mundo a cada ação tomada pelo seu governo.

Pois bem; o estranho efeito mais uma vez se repete. O presidente norte-americano Barack Obama, por exemplo, classificou o teste como uma ação “desestabilizadora e provocativa” que serve “para isolar e empobrecer” o povo norte-coreano (enquanto prometia novas sanções contra o país; o que deve empobrecer o povo norte-coreano). O Secretário de Defesa dos EUA, Ashton Carter, disse que o desenvolvimento de armas nucleares norte-coreanas “é responsabilidade da China”, e que são os chineses quem agora devem revertê-lo.

A presidente da Coreia do Sul, Park Geun-Hye, disse que o teste foi um “ato de autodestruição” que expõe a “imprudência maníaca” de Kim Jong-un.

O secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, também condenou o teste, dizendo que “em vez de buscar armas nucleares e de tecnologia de mísseis balísticos, a Coreia do Norte deveria promover o bem-estar das pessoas do país.”

Dada a propagação ininterrupta de campanhas de propaganda contra o país, estamos acostumados a ver a Coreia do Norte como um país governado por loucos megalomaníacos que, a qualquer momento, podem converter o planeta em pó. A realidade, no entanto, é muito mais complexa.

Estudar a história do país, da Guerra da Coreia e do desenvolvimento nuclear na região, por exemplo, já basta para entender isso.

Libertação
A Península Coreana viveu sob brutal domínio colonial do Japão por 36 anos, sendo libertada somente em 1945, com a derrota dos japoneses na Segunda Guerra mundial. Sob o domínio japonês, os coreanos amarguraram dias terríveis. Nos primeiros anos a repressão foi tremenda. Em 1912, por exemplo, mais de 50 mil pessoas foram presas – chegando à impressionante cifra de 140 mil em 1918 [1]. Jornais foram fechados, reuniões políticas e reuniões públicas foram proibidas. Em 1919, quando houve a primeira grande marcha contra o domínio japonês, cerca de 7,5 mil pessoas foram mortas e 40 mil presas [2].

Um dos aspectos mais doentios da época era o sistema de “mulheres de conforto” (comfort women); um sistema de tráfico e exploração sexual de mulheres desenvolvido em todas as colônias japonesas entre 1932 e 1945, com o objetivo de “manter alta a moral” dos soldados japoneses. Para se ter ideia da brutalidade dos crimes contra essas mulheres – que incluíam estupros, espancamentos, torturas e mutilações diárias – há um dado relevante: estima-se que 40% delas tenham se suicidado durante a escravização.

Em 1945, os soviéticos, ao norte, e os norte-americanos, ao sul, puseram fim ao domínio japonês. Assim traçou-se a linha do paralelo 38, que até hoje divide o norte do sul.

Guerra
Em 1950, a Península Coreana é mais uma vez alvo da tragédia. Apesar da historiografia sul-coreana e estado-unidense responsabilizaram os norte-coreanos pela guerra (enquanto a Coreia do Norte responsabiliza os sul-coreanos e os norte-americanos), não se sabe ao certo quem iniciou as provocações que levariam à Guerra da Coreia, já que desde 1948 haviam combates entre forças sul-coreanas e norte-coreanas no paralelo 38.

Em 1950, tropas norte-coreanas cruzam o paralelo, e começa a guerra da Coreia, que levaria à morte de cerca de 1,6 milhão de civis norte-coreanos (cerca de 18% da população do país à época) e 400 mil civis sul-coreanos (cerca de 2% da população do país).

A princípio, a Coreia do Norte contava com superioridade militar e em pouco tempo havia conquistado a maior parte da península. Com o apoio dos EUA a partir de 1 de outubro, no entanto, a Coreia do Sul retomou seu território, avançando sobre o território norte-coreano (o que violava o mandado da ONU que havia autorizado a assistência militar de 17 países liderados pelos EUA à Coreia do Sul) e empurrando as forças norte-coreanos para o extremo norte do país em menos de um mês. No final de outubro, a China envia tropas em solidariedade à Coreia do Norte, e, no dia 26, é lançada uma ofensiva, que retomaria a parte norte do país em cerca de um mês, fazendo as tropas sul-coreanas retrocederem até o paralelo 38.

Em resposta, as forças das Nações Unidas, lideradas pelos EUA, lançaram a Operation Killer (em tradução literal, Operação Assassino); uma operação de terra arrasada com napalm e fósforo branco. É a partir desse momento que os EUA passam a considerar o uso de ogivas nucleares contra a Coreia do Norte e os guerrilheiros chineses.

Guerra nuclear
O general norte-americano Douglas MacArthur chegou a pedir 34 bombas atômicas após o avanço dos chineses. A ideia, nas palavras do próprio general, era “jogar entre 30 e 50 bombas atômicas” na região da Manchúria, e “criar um cinturão de cobalto radioativo” que de acordo com ele “tem uma vida ativa de 60 a 120 anos. Ao menos por 60 anos não haveria invasões da Coreia pelo Norte.”

Em 30 de novembro, durante uma coletiva de imprensa, o então presidente dos EUA, Harry Truman, disse que “sempre houve consideração” sobre uso de bombas atômicas contra a Coreia do Norte. Quando perguntado por um jornalista se o uso dessas bombas dependeria da autorização da ONU, o presidente disse que “não, não significa isso de forma alguma. A ação contra a China comunista depende da ação das Nações Unidas. O comandante militar no campo [de batalha] terá a responsabilidade pelo uso das armas, como ele sempre teve.”

Desenvolvimento nuclear e desnuclearização
Apesar de durante toda a guerra da Coreia (1950-1953) a RPDC ter sido alvo de ameaças nucleares, o país só começou a construir suas primeiras armas nucleares no final da década de 70, depois da Coreia do Sul começar o desenvolvimento de seu programa nuclear (a Coreia do Sul já contava com armas nucleares norte-americanas, que só foram retiradas do país em 1991).

Em 1992, as duas Coreias assinaram a Declaração Mútua de Comprometimento para uma Coreia Livre de Armas Nucleares, mas o acordo acabou colapsando porque a RPDC se negava a concordar com as inspeções mútuas, a não ser que pudesse também inspecionar as bases norte-americanas no Sul (o que foi negado).

Pouco tempo depois, a RPDC passou a ameaçar sair do Tratado de Não-Proliferação de Armas Nucleares, mas logo o país concordou, após conversas com o presidente Bill Clinton, em cancelar sua saída em troca da suspensão dos treinamentos militares “Team Spirit” na região. Em 1994, o governo norte-coreano convidou o ex-presidente americano Jimmy Carter para uma visita ao país, o que levou a um acordo entre a RPDC e os EUA, que definia que a Coreia do Norte iria imediatamente paralisar seu desenvolvimento nuclear e desmantelar todas as instalações nucleares no país até 2003, além de continuar no Tratado de Não-Proliferação e permitir inspeções da Agência Internacional de Energia Atômica. Em troca, os EUA, e principalmente a Coreia do Sul e o Japão, iriam ajudar o país nas suas necessidades energéticas, construindo dois reatores de água até 2003 e, até lá, fornecendo 500 mil toneladas de petróleo cru para o país.

No entanto, o acordo fracassou depois de a Coreia do Sul e o Japão não fornecerem o que haviam prometido – o que também não foi fornecido pelos EUA.

A partir dos anos 90, com o fim da União Soviética e a morte do líder Kim Il-Sung, houve uma mudança na política internacional da Coreia do Norte, que até então se beneficiava da disputa entre China e URSS. É nesse contexto que nasce a política Songun, que basicamente coloca o exército e a defesa como prioridade – algo compreensível para um país que perdeu quase 1/5 de sua população civil durante a Guerra da Coreia, que foi ameaçado repetidamente com armas nucleares e que lutou por décadas contra um sistema colonial altamente repressivo.

Como aponta o cientista político sul-coreano-americano Lee Jae-Bong, “A Coreia do Norte busca, por meio do desenvolvimento de armas nucleares, assegurar o reconhecimento internacional, a ajuda econômica e a segurança nacional. Portanto, para a desnuclearização da Península Coreana, [é necessário] que se dê garantias para a Coreia do Norte desmantelar suas bombas nucleares sem se sentir insegura. Adicionalmente, é irreal pedir que a Coreia do Norte unilateralmente desmantele suas armas nucleares sem um avanço nas relações com os EUA, [sem] a preparação para uma saída das forças norte-americanas da Coreia do Sul, a eliminação do guarda-chuva nuclear americano na Coreia do Sul e a abolição da aliança entre Coreia do Sul e Estados Unidos”.

As campanhas difamatórias contra o país, cujo governo é apontado como insano, no entanto, só contribuem para a elevação da tensão e do tom belicista na região. Enquanto a Coreia do Norte tem, de acordo com o Instituto Internacional de Pesquisa da Paz de Estocolmo, “cerca de oito armas nucleares rudimentares”, os EUA tem um arsenal de mais de 4700 ogivas. Enquanto os 7,5 bilhões gastos anualmente em defesa e questões militares pela Coreia do Norte são vistos pelo mundo como uma política “autodestrutiva”, fruto da “imprudência maníaca” de seus líderes, a Coreia do Sul gasta 4,5 vezes mais (33,5 bi), e os Estados Unidos gastam quase 80 vezes mais (598 bilhões). Quantos países a Coreia do Norte invadiu nestas últimas sete décadas? Quantos ameaçou bombardear ou bombardeou com armas nucleares? E os Estados Unidos?

Como bem disse o governo norte-coreano em janeiro, quando levou a cabo um teste de sua primeira bomba nuclear de hidrogênio, “não há nada mais tolo do que jogar fora uma faca de caça frente a hordas de lobos ferozes”.

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[1] Ki-baik Lee; A new history of Korea.
[2] Park Eunsik, The Bloody History of the Korean Independence Movement.


domingo, 11 de setembro de 2016

Pyongyang reitera caráter autodefensivo de seu programa nuclear


A República Popular Democrática da Coreia (RPDC) defendeu seu programa nuclear e reiterou que tem um caráter autodefensivo.

Em uma nota oficial, Pyongyang afirmou que os testes fazem parte de sua estratégia para fortalecer a capacidade de dissuasão nuclear autodefensiva, diante das ações intimidatórias de Washington e seus aliados contra o país socialista.

Afirmou que, sob a direção de seu líder Kim Jong Un, a RPDC continuará se desenvolvendo até ser uma potência militar e econômica, sustentada nas ciências e na tecnologia de ponta.

O presidente norte-coreano reforçou esse objetivo em visitas a instalações militares, onde destacou a necessidade de priorizar os assuntos militares para defender a soberania e dignidade dessa nação, de acordo com a nota.

Também assegurou que as críticas e ameaças dos Estados Unidos e seus aliados são um ingrediente a mais em sua estratégia para isolar e asfixiar esse país.

Sublinhou, também, o avanço da Coreia Democrática para atingir um socialismo poderoso e próspero, que se reflete no avanço da esfera científica e na construção de moradias, hospitais, estações de transporte, centros recreativos e esportivos.

Na declaração, ponderou também o incentivo ao esporte na RPDC, o que, assegura, se evidencia nas medalhas atingidas por seus atletas em eventos internacionais.

Da Prensa Latina

segunda-feira, 5 de setembro de 2016

Kim Jong-suk e a revista “Mulher Coreana”


A revista “Mulher Coreana” editada na RPDC chegou ao 70º aniversário de sua publicação.

Em 35 (1946) da Era Juche, imediatamente após a libertação da pátria, Kim Jong-suk, Heroína da Luta Armada Antijaponesa, prestou grandes esforços à edição da revista em resposta ao pedido do Presidente Kim Il Sunga para editar publicações para educar e iluminar as mulheres trabalhadoras.

Em fevereiro do mesmo ano, ela visitou a sede do Comitê Central da União de Mulheres de debateu com as funcionárias o problema da edição da revista.

E esclareceu um por um os assuntos pendentes na publicação e os preparativos materiais para sua edição.

Em junho do mesmo ano deu instruções às funcionárias dizendo que a revista de mulheres deve servir-se do remédio ideológico para armar todas as organizações femininas e as mulheres com a ideia do Presidente Kim Il Sung e mobilizá-las para a construção da nova Coreia. E agiu para que se completasse o projeto da edição da revista.

Destacou que o nome da revista deveria refletir de maneira simples o orgulho e a dignidade da mulher da nova Coreia.

Uns dias depois, o Presidente chamou Kim Jong-suk, os funcionários e os editores e batizou a revista como “Mulher Coreana”.

Seguindo as instruções do Presidente, Kim Jong-suk e os editores deram mais estímulo à publicação do primeiro número do órgão da União das Mulheres Democráticas da Coreia. Como resultado, a revista “Mulher Coreana” foi publicada primeiramente em 6 de setembro de 1946.

Da KCNA